I
Ai como queria ver!
O joelho de uma crente
Político enricar somente
Com a força do seu trabalho
Jogador abandonar baralho
E menino enjeitar presente.
Seria mesmo um prazer
Nunca ter dor de dente
Cortar o cabelo rente
O dinheiro nascer no galho
Encontrar sempre um atalho
E chegar da corrida a frente.
II
Ai como queria ver!
Chover no tempo quente
Planta nascer sem semente
Cavalo sem ser baio
Discurso sem ensaio
E passageiro andar na frente.
Seria mesmo um prazer
Controlar o poder da mente
Não usar mais óculos de lente
Vender meu velho pálio
Nunca cometer um ato falho
E ser feliz para sempre.
III
Ai como queria ver!
Pinguçu sem aguardente
Pobre não pegar no batente
Ferreiro sem o malho
Água escorrer pelo ralo
Sem o varrer da gente.
Seria mesmo um prazer
Criar algo que se invente
Encarar a vida de frente
Viver a vida no embalo
Calçar sapato e não fazer calo
Não ser bajulador de gente.
IV
Ai como eu queria ver!
As coisas alegremente
Nunca sequer ficar doente
Nem precisar ia ao trabalho
O cabelo não ficar grisalho
E ser jovem eternamente.
Seria mesmo um prazer
Cantar mote de repente
Receber de major a patente
Ser bonito pra caralho
E não só um paspalho
Que ri da rima da gente.
Por Rau Ferreira
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