Nasceu Pedro Américo de Figueiredo e Mello na cidade de
Areia – antigo Sertão de Bruxaxá – aos 29 de abril de 1843. Pintor, romancista,
jornalista, professor, cientista e político, filho de Daniel Eduardo de
Figueiredo e Feliciana Cirne, e irmão do também pintor Francisco Aurélio de
Figueiredo e Mello.
De berço humilde, nunca esqueceu de sua infância e escrevera
às tias com tal nostalgia encantadora. Nas páginas de O HOLOCAUSTO, lembra da
sombra da Gameleira areiense: “Semelhante a torre antiga vestida de musgo, ou
denegrida pelo roças dos séculos” (p. 02).
A veia artística não lhe nasceu por ocaso. O seu avô paterno
Manoel de Christo Grangeiro foi um exímio musicista, compositor de hinos
sacros. Seu tio era regente da banda de música e gostava de distrair-se ao
violino. Quando criança, Pedro cantou com o avô no coro da Igreja e o tempo que
lhe sobrava no balcão da loja do pai, dedicava-se à modelagem de bonequinhos,
ao desenho e à pintura.
Ainda pequeno organizou um teatro de “mamulengos”,
desempenhando todas as funções (diretor, ator, cenógrafo). Ele próprio imprimia
os bilhetes de entrada, o que lhe garantiu certa notoriedade em sua terra
natal.
O fato é que chegou à Areia em 1852 uma comissão de
cientistas, e não demorou muito para que os expertos daquela expedição ouvissem
falar do menino-prodígio. Submetendo-o à prova, ficaram estupefatos com suas
habilidades. Era dirigente daquela incursão o naturalista francês Jacques
Brunet que cuidou de escrever uma carta ao Presidente da Província enviando-lhe
dois desenhos do artista precoce.
Passo seguinte foi convencer os pais do
garoto a deixá-lo seguir os expedicionários. E adoecendo o desenhista oficial,
substituiu-o Pedro Américo com muita galhardia contando apenas com dez anos de
idade. Foi para o infante uma ótima oportunidade de aprender os rudimentos de
história natural e arte.
Retornando da peregrinação, foi tomado de surpresa com a
resposta da missiva encarregando-se o governo imperial de educá-lo. Partiu para
o Rio onde foi matriculado no Colégio Pedro II na Turma de 1854.
Dois anos depois ingressa na Academia de Belas Artes e em
pouco tempo já colecionava 15 medalhas e outras premiações ao mérito.
O próprio Imperador prestigiava as suas exposições e
assistia-lhe às aulas.
Ousou conhecer Florença – a pátria de Benvenuto Celline –
aprimorando a sua arte e estendendo-se naquela cidade até 1864. Angariou o
reconhecimento da Academia de Belas Artes de Paris, bacharelou-se em Ciências
Naturais em Sorbonne e participou do Instituto de Arqueologia de Beulé. E pintou... A
vida de Jesus, Moisés sobre o monte, A carioca, Náufrágio da fragata Medusa e
o Rápito de Djanira, estas duas últimas cópias de pintores célebres.
Passou a vida assim, cruzando os mares. Em sua abnegação
pelas artes, adquiriu a patologia “Cólica de Chumbo” devido ao contato com as
tintas. Em certas ocasiões, necessitando de dinheiro, alienou parte do seu
quadro de medalhas.
Após uma rápida passagem pela Parahyba, onde se estabeleceu
em Campina Grande. Dirigiu-se ao Rio, concorrendo a uma cadeira na Academia
Imperial com o quadro Sócrates afastando Alcebíades dos braços do vício tendo
o seu oponente se declarado vencido.
No ano de 1868, doutorou-se em Ciências Naturais pela
Universidade de Bruxelas sendo examinado por seis horas. Concorrendo à cadeira
de lente da Faculdade de Ciências, obteve o seguinte prospecto:
“...o candidato deu provas de um talento muito notável que
lhe valeu por muitas vezes os aplausos do auditório” (Diário da Bélgica).
Casou-se com Dona Carlota, filha do artista erudito Manoel
de Araújo Porto-Alegre. Foi sepultado no Cemitério da capital paraibana,
contrariando assim o seu último desejo de voltar à Areia. Desempenhou ainda as
funções de Cônsul Geral do Brasil.
Entre as honrarias galgadas ao longo de sua existência,
destacam-se o título de Pintor Histórico da Imperial Câmara, a Ordem da Rosa e
a Ordem do Santo Sepulcro.
Rau Ferreira
Referência:
- Revista da Semana, Ano XLIV, N. 17, Ed. 24-04-1943.
- Torres, Francisco Tancredo. As Origens de Pedro
Américo de Figueiredo e Melo. Edição Especial para o Acervo Virtual Osvaldo
Lamartine de Faria. Fundação Vingt-Un Rosado, 2011, pp. 70-146.
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