Ao todo, 271 paraibanas já perderam a vida em decorrência
de
complicações obstétricas no Estado ( Foto: Reprodução Internet )
Apesar de ampliar a assistência prestada às gestantes, a
Paraíba ainda não conseguiu deter o crescimento da mortalidade de mulheres
durante o período de gravidez. Em 14 anos, o número de óbitos provocados por
problemas na gestação aumentou em 83,33%. Saiu de 12 registros em 1999 para 22
em 2012.
Ao todo, 271 paraibanas já perderam a vida em decorrência de
complicações obstétricas no Estado. Outras 29 também morreram após sofrer um
aborto. Os dados são do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) da Secretaria
de Estado da Saúde (SES).
As cidades que mais tiveram registros foram João Pessoa
(41), Campina Grande (28), Patos (9), Santa Rita (8), Esperança (7), Bayeux
(6), Juripiranga (5), Barra de Santana (4), Alhandra (4), Itaporanga (4),
Seridó (3).
Para o ginecologista Geraldez Tomaz, membro da Sociedade de
Ginecologia da Paraíba e representante do Estado na Sociedade Brasileira de
Ginecologia, a mortalidade é reflexo da deficiência na realização dos exames de
pré-natal. Ele explica que muitas complicações durante o parto são provocadas
por doenças que poderiam ser diagnosticadas e tratadas ainda na fase
gestacional.
“Cardiopatias, diabetes e pressão alta podem causar
pré-eclampse ou eclampse propriamente dita e até má formação ou crescimento
elevado do feto. São problemas que já poderiam vir à sala de parto sob
controle, se a paciente estivesse recebendo assistência adequada no pré natal”,
afirma.
Com 45 anos de experiência no atendimento obstétrico, o
médico, que também é professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB),
também afirma que algumas deficiências laboratoriais também dificultam o
atendimento médico à gestante. “Às vezes, o médico recebe resultados de exames
com atraso de 30, 60 e até 90 dias. E ainda assim, os laudos não dizem nada.
Não trazem nenhum detalhamento do que a mulher possui, o que faz o médico
solicitar o exame novamente e, com isso, as doenças vão se acumulando”,
lamenta.
Outro problema que também aumenta o risco de mortalidade é a
realização desnecessária de cesarianas. Segundo o médico, essa cirurgia só deve
ser feita em determinadas condições, mas está sendo banalizada. “Nos hospitais
públicos, elas já são 30% dos partos e nos particulares, mais de 90%. Isso
precisa ser revisto, porque as pacientes ficam mais suscetíveis a sofrer de
infecções e de apresentar problemas de cicatrização”, conta Geraldez Tomaz.
“Temos que trabalhar para ter um pré-natal bem organizado,
com médico, enfermeiro e psicólogo e nutricionistas, se houver necessidade. Só
assim iremos reduzir as mortes maternas”, observa.
Fonte: Nathielle Ferreira – Jornal da Paraíba
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