terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Por Rau Ferreira - O Meu Caixote


Construí um caixote
Uma caixa aveludada
Para guardar as lembranças
Que houvera da namorada.

Eram tantas - que de sorte - ,
Veio às memórias acolchoadas
As brincadeiras de criança
Que joguei com a amada.

Era de um gênio forte
Mas a sua fala adocicada
A todos fazia recorte
Pra seguir a sua estrada.

No quintal – o meu resort -
À sombra da goiabeira içada
Naquele terreno de estância
Subia e descia da latada.

Ingênua, caia no meu calote
Pra desespero da molecada
Eu e ela e a morte (pensava)
– nada nos separava!

Elegi a minha consorte
Vislumbrei-me com ela casada
Mas um dia de reboque
Separou-nos a estrada.

Ela dirigiu-se para o Norte
E fiquei da vida enluarada...
Então construí um caixote
Para nunca mais falar em nada.

Esperança, 11 de dezembro de 2012.

Rau Ferreira

FERREIRA, Rau. Poesias inéditas.
Edições Banabuyé. Esperança/PB: 2012.

© Rau Ferreira, dezembro de 2012


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