Abastecimento comprometido: mananciais da Paraíba
estão com
um déficit de 63% da capacidade total de água
( Foto: Francisco França - Jornal da Paraíba )
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Dos 121 mananciais monitorados pela Aesa e Cagepa, 56 estão
com a capacidade abaixo de 20% do total,sendo 15 com nível abaixo de 5%.
A situação hídrica na Paraíba está sendo considerada crítica
por especialistas. Dos 121 mananciais monitorados pela Agência Executiva de
Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), em parceria com a Companhia de Água
e Esgotos da Paraíba (Cagepa), 56 estão com a capacidade abaixo de 20% do
total, sendo que destes, 15 estão com o nível de água menor do que 5%. Os
outros 65 mananciais estão acima de 20% da capacidade. As informações foram
divulgadas no primeiro dia da programação da Semana Mundial da Água.
De acordo com o gerente regional de Bacia Hidrográfica da
Aesa e coordenador do Programa Água Doce na Paraíba, Isnaldo Cândido da Costa,
os mananciais da Paraíba estão com um déficit de 63% da capacidade total de água.
“Se todos os mananciais monitorados por nós no Estado estivessem cheios, a
capacidade de armazenamento da Paraíba seria de quatro bilhões de metros
cúbicos (m³), mas atualmente temos apenas 1,3 bilhões/m³, ou seja, 37% de sua
capacidade total”, afirmou.
Conforme Isnaldo Cândido, apenas o Litoral paraibano está
com a situação hídrica considerada confortável, pelo próprio manancial da
região e pelo sistema integrado de abastecimento utilizado pela Cagepa. “O que
não significa dizer que a população deva usar a água de forma desordenada. É
preciso que as pessoas tenham racionalidade no uso, considerando que não dá
para manter as mesmas atividades de quando os níveis de água estavam de normais
a alto”, observou.
Isnaldo Cândido disse que os açudes do Brejo paraibano não
estão comportando a demanda dos municípios, onde os pequenos mananciais já
passam por situação de alerta. Na Região do Agreste, Cariri e Curimataú, o
estado do açude Epitácio Pessoa (Boqueirão) também é preocupante, pois
atualmente está com 223 milhões/m³ de água, o que representa apenas 54% da
capacidade total. “Ele (açude) tem uma demanda altíssima, já que abastece 18
municípios e sete distritos, onde cerca de um milhão de pessoas dependem dessa
água. E aí, a situação fica ainda mais complexa na zona rural”, frisou.
Já no Sertão, Isnaldo Cândido alertou para a situação dos
mananciais Coremas e Mãe D'água, que desde novembro do ano passado estão
assolados devido a falta de chuva. Em Cajazeiras, o açude Engenheiro Ávidos
está com 37 milhões/m³ de água, apenas 14% da capacidade total.
Segundo o diretor de Gestão e Apoio Estratégico da Aesa,
Chico Lopes, o principal foco da Semana Mundial da Água, iniciada ontem e que
acontece até a próxima sexta-feira em todo o Estado, será o discurso racional
da água. “Nós precisamos entender o momento crítico que estamos vivendo e ter a
conscientização de usar a água de forma racionalizada, ou de nada vai adiantar
reuniões entre os órgãos competentes. Portanto, precisamos da parcela de
contribuição da população”, disse. “Se até o dia 30 não chover o suficiente,
teremos que discutir outros meios para a solução da seca”, completou.
'ÁGUA DOCE' CONTRA A ESCASSEZ
Por conta da escassez de água e ocorrência de águas salinas
e salobras nos poços no Semiárido, o Ministério do Meio Ambiente (MMA), em
conjunto com instituições federais, estaduais e organizações da sociedade
civil, formulou o Programa Água Doce, visando aumentar a oferta de água de boa
qualidade para o consumo humano. Na Paraíba, a coordenação do programa afirma
que, até 2015, serão recuperados e/ou implantados 93 sistemas de
dessalinização, que transforma a água salina ou salobra em potável.
O coordenador do Programa Água Doce (PAD) na Paraíba,
Isnaldo Cândido, disse que das 279 localidades do Estado, listadas pelo MMA,
131 delas já foram visitadas e 21 sistemas de dessalinização recuperados. O PAD
visa o estabelecimento de uma política pública permanente de acesso à água de
boa qualidade para o consumo humano, promovendo a implantação, a recuperação e
a gestão de sistemas de dessalinização ambiental e socialmente sustentáveis.
ESPERANÇA NO DIA DE SÃO JOSÉ
A esperança que chova até o fim do dia de hoje, dia de São
José, é a motivação para Francisco José Divino, 70 anos, que trabalha há mais
de 50 anos como agricultor. Devoto do' milagreiro', o morador do bairro de
Santo Antônio, em Campina Grande, caminha cerca de três quilômetros por dia
para preparar a terra e ver se concretizar a fé que carrega em seu sobrenome.
Empolgado com o céu nublado na manhã de ontem, o trabalhador
chegou cedo em seu roçado e fez questão de deixar pronta sua parte para agora
esperar as bençãos do céu. “Olha para cima e pedir chuva é não só a minha, mas
a última esperança para muita gente que trabalha com a terra. Já plantamos e
perdemos muita coisa desde o ano passado, a nossa fé é que daqui para amanhã
(hoje) caia chuva com a terra preparada para podermos tirar alguma coisa”,
projetou.
De acordo com a meteorologista da Aesa, Carmem Becker, há
previsões de chuva para esta semana, no entanto ainda não é possível avaliar a
quantidade pluviométrica.
Fonte: Jornal da Paraíba – Por Jaine Alves
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