sexta-feira, 1 de junho de 2012

Cordel Matuto na Rede – Rau Ferreira


Rau Ferreira é cidadão esperancense, bacharel em Direito pela UEPB e autor dos livros SILVINO OLAVO (2010) e JOÃO BENEDITO: O CANTADOR DE ESPERANÇA (2011) tem publicado os seguintes cordéis: João Benedito (2010); A Lenda Caricé (2011); Nas tranças de uma menina (2011); O lugar que vivi (2012) e outros títulos. Prefaciador do livro ELISIO SOBREIRA (2010), colabora com diversos sites de notícias e história.
Poeta repentista participou do I Emarpe – Encontro Municipal de Arte e Popular promovida pela Prefeitura de Esperança/PB, e juntamente com os companheiros Evaldo Brasil, Carlos Almeida e Karl Marx Valentim Santos, integra o grupo denominado “Memorialistas”, que promove telúricas literárias no Município.
Pesquisador dedicado descobriu diversos papéis e documentos que remontam à formação do município de Esperança, desde a concessão das Sesmarias até a fundação da Fazenda Banabuyê Cariá, que foi a sua origem.
Neste cordel escreve sobre a experiência de um matuto que descobriu a rede mundial de computadores. Leia e aprecie!

MATUTO NA REDE
[tudo na palma da mão]

                                                  Rau Ferreira (*)

Pr’um matuto como eu
Rede é tudo de bão.
Imagine agora uma rede
Que não é de algodão!...

Que não tem punho
Nem fica longe do chão;
Não se balança; navega!
E cabe todo o mundão.

É u’a rede assim, assim...
Cheia de borogodó e botão
De um zunido diferente
Do que há lá no sertão.

Agente não fica deitado
Nem dá pra dormir não;
Fica conectado, prugado,
Quando vê, gasta um tempão!

E prega no matuto
E olhe, não sai não!
E quando cai a nossa rede
Vixe, é só lamentação...

É brogui, tuiti e siti,
Tudo numa só marcação.
Crica aqui, crica acolá
Vai vendo numa televisão.

Pesquisa de um tudo
E aparece num balão.
O matuto parece douto
Com tanta informação.

Tem lá um tal de meio
Meio pra mim é fração!
Mas nesse a gente escreve
E troca de opinião.

E o rato? É uma bola
com dois botão!
O rabo bem fininho
Fica mexendo na mão.

As letra a gente cata
Espaiada no quadradão
Copia aqui, cola acolá
Em segundo de fração.

E pra mode nóis escutar
O som que é dos bão
Tem duas caixinhas de lado
Grita mais que porco barrão.

A vista inté que dói
O bucho ruge que nem leão
Trago a comida pra perto
Vou comendo de ração.

O moleque de casa
Não brinca de pião
Joga no ocut o dia todo
Naquele troço é campeão.

Diz ele que tem muita
Colheita e plantação
Mas que fazenda é essa
Que não pega no enxadão?

A muié fica ligada
Revezando no fogão
É vendo a Ana Braga
E clicando no feição.

Tenho medo que ela queime
Na panela o feijão
Mas muié faz duas coisas
Com muita precisão.

Homi é que não consegue
Ter de si duas atenção
É uma coisa ou outra
E duas não pode não!

Ah quando termina o tempo
Vai embora meu tostão
Dá uma vontade danada
Mas da rede não saio não.

Eita coisa porreta!
E tudo na palma da mão
Esse matuto na rede
É só satisfação!

Rau Ferreira

O cordel está disponível para downloado no seguinte endereço: http://pt.calameo.com/read/0012366069ba993d0f0e0
Nesta plataforma [http://pt.calameo.com], o leitor tem acesso a outras publicações do autor, como a Lenda Caricé, A Furna do Caboclo, Breve descrição dos Índios Carirys e o livro Capítulos da História Esperancense.

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