As noites têm sido longas para o auxiliar de serviços gerais Antônio Lira, de 52 anos, já que a insônia o tem perseguido nos últimos dois meses. Aliados a falta de sono também estão fortes dores de cabeça, irritação e estresse. A doença dele? Dívidas, muitas contas acumuladas. Uma consequência de longos quatro meses de desemprego. Antônio agora faz parte das estatísticas do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojista (CNDL).
Uma pesquisa realizada pelas duas entidades revelou que, ao ficarem endividados, os consumidores adquirem um estado emocional negativo e que pode se transformar em mudanças de comportamento, alterando as relações sociais e até causando falta de produtividade no trabalho. Cerca de 48% dos inadimplentes entrevistados afirmam sentir vergonha por terem dívidas.
“Eu consigo adormecer, mas duas horas depois eu já estou acordado e assim fico durante toda a noite. Já consegui um novo emprego, mas as dívidas acumuladas quando estava sem trabalhar eu ainda não consegui pagar. Estou negociando elas para conseguir quitar todas. Mas tem horas que bate o desespero quando a gente pensa em como vai conseguir pagar tudo e todo mês vêm as contas do mês a você não consegue colocar tudo em dia. Eu pensei até que ia entrar em depressão”, contou Antônio Lira.
Outros sentimentos negativos mais relatados são a infelicidade (46%), insegurança e o medo de não conseguirem quitar as pendências (44%), e nervosismo, irritação e desespero (44%). Quando se referem à autoestima, 43% disseram que ela foi afetada devido às dívidas que possuem há mais de três meses. E quanto maior o valor da dívida, maior também o nível de preocupação do inadimplente: 67% dos que devem R$ 5.000 ou mais, têm nível de preocupação alto ou muito alto.
Como efeitos diretos das dívidas e dos sentimentos gerados por elas, 53% relataram alterações de apetite, seja aumento ou perda. Outros 39% afirmaram estar com insônia, e 31% terem medo de atender o telefone.
33% estão mais irritados e fazem agressões verbais a familiares e amigos
Cerca de 33% dos inadimplentes afirmam estarem mais irritados, agredindo verbalmente familiares e/ou amigos. Esse tipo de comportamento é mais frequente à medida que a dívida é mais alta, e também entre as pessoas que têm maior nível de preocupação com a dívida (48%).
Como forma de aliviar a ansiedade, 26% passaram a usar mais os vícios que já possuem, como cigarro, comida e bebidas com álcool – o percentual aumenta para 43% entre os pertencentes às classes sociais A e B.
Outro comportamento mais preocupante é que 18% dos consumidores inadimplentes passaram a ficar nervosos e até já fizeram agressões físicas a familiares e/ou amigos – 22% entre as mulheres e 12% entre os homens.
Nice Almeida /Correio da Paraiba
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