A não obrigatoriedade da utilização de extintores de incêndio em veículos utilitários, camionetas, caminhonetes e triciclos de cabine fechada vêm causando debate e discordância. O Corpo de Bombeiros defende a obrigatoriedade e alega que o extintor pode ajudar no combate a princípios de incêndio, já Antoniel Teodósio, funcionário do setor de vendas da Autoclub Honda em João Pessoa, diz que o extintor não tem utilidade e é esquecido pelo condutores.
O uso facultativo do equipamento foi estabelecido por uma mudança na legislação de trânsito promovida pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), no dia 17 deste mês. Segundo o Contran, apenas veículos usados comercialmente para transporte de passageiros, caminhões, caminhão-trator, micro-ônibus e ônibus, além de veículos destinados ao transporte de produtos inflamáveis, líquidos e gasosos são obrigados a ter o equipamento.
Segundo o tenente C. Silva, da assessoria de comunicação do Corpo de Bombeiros, a medida do Contran representa um risco maior de acidentes envolvendo incêndios na frota de veículos que não fazem mais uso do extintor.
Para o tenente, a quantidade de materiais inflamáveis que constituem as peças dos veículos pode contribuir para o alastramento de focos de incêndio, caso o uso do extintor não seja feito.
“O risco é grande [de alastramento de incêndio]. Veículos possuem uma grande quantidade de materiais combustíveis como a borracha, plásticos e espumas, que são materiais de incêndio da classe A; além de líquidos inflamáveis, que são materiais de classe B; e o sistema elétrico que representa o incêndio de classe C. Isso é suficiente para que exista a obrigatoriedade do extintor ABC nos veículos e os condutores devem estar preparados para o uso”, contou o tenente.
Para o tenente, é mais fácil os condutores aprenderem a utilizar o extintor do que perderem os veículos.
“É bem mais fácil você aprender a usar o extintor do que perder o veículo por apenas um princípio de incêndio que pode tomar conta do veículo. Temos promovido ações educativas e abordamos quase 800 condutores este ano. Os condutores podem procurar o Corpo de Bombeiros ou abordar qualquer bombeiro no meio da rua e pedir orientações sobre a utilização do extintor. Estamos devidamente capacitados e prontos para ajudar e ensinar qualquer cidadão na tarefa de uso do extintor de incêndio”, concluiu o tenente.
O contraponto a obrigatoriedade do extintor nos veículos vem de Antoniel Teodósio, que trabalha no setor de pós venda da Autoclub Honda, em João Pessoa.
Segundo Antoniel, a medida tomada pelo Contran é acertada, já que o extintor é considerado como de pouca utilidade.
“Sou de acordo com a nova regulamentação. Ter um extintor é como ter o kit médico que já foi obrigatório aos condutores, que não servia para muita coisa no final das contas. A conclusão [do Contran] foi de que a utilização por parte dos condutores é pouca e a utilidade de um extintor para combater incêndio em veículos também é reduzida”, contou Antoniel.
Ainda de acordo com Antoniel Teodósio, a maioria dos condutores não sabem manipular um extintor de incêndio durante um momento de necessidade e acabam acionando o Corpo de Bombeiros.
“Tem relato de casos em que houve um princípio de incêndio, o condutor tinha um extintor cheio, mas não soube utilizar e saiu correndo do carro para acionar os bombeiros. Então é um equipamento que não tem muita utilidade na maioria dos casos”, afirmou Antoniel.
Questionado sobre a alegação de que as novas tecnologias utilizadas nos veículos evitariam a propagação de incêndios, o tenente C. Silva disse que nenhum sistema preventivo garante 100% de eficácia.
“As novas tecnologias vem com tendência de minimizar os riscos e retardar a propagação das chamas, mas nenhuma tecnologia ou sistema preventivo pode garantir 100% que não vá existir o incêndio. Sempre existe a mínima possibilidade e o condutor deve estar preparado, com o extintor, para agir e salvar a sua vida e o seu veículo”, concluiu o tenente.
O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) informou que não possui dados sobre casos envolvendo incêndios em veículos no Brasil.
Do Portal Correio
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