De acordo com dados do Ministério da Saúde, são 4.759
pessoas diagnosticadas com a doença na Paraíba; homens são as principais
vítimas.
A Paraíba possui o quinto maior número de portadores de Aids
do Nordeste. São 4.759 pessoas diagnosticadas com o vírus no Estado de 1980 até
dezembro de 2011, segundo o Ministério da Saúde (MS). A quantidade é superior à
registrada, no mesmo período, em Alagoas (4.119), no Rio Grande do Norte
(3.866), no Piauí (3.655) e em Sergipe (2.815).
Os dados do Ministério da Saúde também mostram que a
incidência é maior entre homens heterossexuais, da cor parda, que têm entre 24
e 39 anos de idade e estudaram menos de sete anos. Para especialistas, o
crescimento dos casos é reflexo da ausência de políticas públicas que informem
e conscientizem a população sobre os métodos preventivos.
Na lista das cidades paraibanas com a maior quantidade de
casos aparecem João Pessoa (1.597), Campina Grande (669), Santa Rita (237),
Bayeux ( 234), Cabedelo (153), Patos (100), Guarabira (72), Mamanguape (66),
Sapé (65), Rio Tinto (65), Cajazeiras (54), Sousa (51) e Itabaiana (48).
Ainda segundo o Ministério da Saúde, os homens são as principais
vítimas da doença. Dos 4.759 casos registrados no Estado, 3.178 ocorreram entre
o sexo masculino e os demais 1.581, no feminino. Outro fator apontado pelo
órgão é que a maioria dos portadores é parda.
São 1.627 pessoas dessa cor que
convivem com o vírus, atualmente, na Paraíba. Esse contingente é maior que o
dos brancos (678), dos negros (154), dos indígenas (34) e dos amarelos (20). No
entanto, a cor de outros 2.249 pacientes não foi informada pelo órgão de saúde.
Os heterossexuais também se destacaram entre os portadores
da doença. Dos 4.759 infectados na Paraíba que informaram a orientação sexual,
2.379 são heterossexuais. Outros 522 são homossexuais e 421, bissexuais.
Com relação à faixa etária, 3.028 pessoas diagnosticadas com
Aids no Estado possuem idades entre 20 a 39 anos; outros 1.023 têm entre 40 a
49 anos. Além disso, há outro grupo com 330 portadores que já passaram dos 60
anos.
Para a coordenadora de Projetos da Amazona, uma Organização
Não Governamental que trabalha na prevenção da Aids, Viviane Alves, o aumento
dos casos se deve principalmente à ausência de políticas permanentes de combate
à Aids. Ela explica que a realização de campanhas educativas, por exemplo, são
muito realizadas em períodos de festas, como no carnaval, mas ficam quase
esquecidas no resto do ano.
Essas campanhas, segundo Viviane, deveriam ocorrer de forma
rotineira para conscientizar a população sobre os riscos da doença. “Temos
ações sociais em sete comunidades de baixa renda em João Pessoa, Bayeux e Conde
e percebermos que as pessoas até sabem alguma coisa sobre Aids, mas ainda se
expõe ao risco de contrair a doença, porque a principal via de transmissão é a
sexual. Mas mulheres jovens, que têm namoros fixos, não usam camisinhas, por
acharem que o parceiro é fiel.
Vemos muitos casos de mulheres contaminadas e que foram
contaminadas pelo único parceiro que tiveram na vida”, destaca a pesquisadora.
Ela explica que, no início da epidemia, que ocorreu na
década de 80, na Paraíba, foi divulgada a falsa informação de que a doença só
atingia pessoas pertencentes a determinados grupos de risco. Dessa forma, o
vírus HIV só acometia usuários de drogas, homossexuais e profissionais do sexo.
No entanto, o aumento dos diagnósticos mostrou que todas as pessoas,
independentemente da orientação sexual, estão sujeitas a ficar doentes, desde
que não se previnam. “Não existem mais grupos de risco, mas sim situação de
risco.
As pessoas que mantêm relação sexual, sem camisinha, estão
se expondo a contrair uma doença séria, que não tem cura e com sérias
consequências. Apesar dos tratamentos aumentarem o tempo de vida do paciente,
não é fácil conviver com a Aids. As pessoas precisam tomar remédios todos os
dias e fazer exames regulares”, observa.
Já a Secretaria de Estado da Saúde (SES) garante que as
ações de prevenção e tratamento da doença são realizadas de forma permanente na
Paraíba. Segundo Rosa Maria Costa Monteiro, da Gerência de Combate a Aids e
DST, os trabalhos se concentram na capacitação das equipes de saúde e na
distribuição de medicamentos para os portadores do HIV.
“Trabalhamos com dois eixos: prevenção e tratamento. Para
alertar sobre os riscos da Aids, capacitamos e fornecemos material para que os
municípios realizem campanhas em escolas, em associações e conscientizem os
moradores”, explica.
“Já no eixo do tratamento e diagnóstico, estamos capacitando
e disponibilizando medicamentos e materiais para testes rápidos a nossas
equipes de saúde para permitir o diagnóstico precoce.
Nossa meta é qualificar até o final deste ano cerca de 30%
das equipes do Programa de Saúde da Família (PSF), para identificar os
primeiros sinais da doença”, destacou.
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