sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Homenagem ao Professor Peixe por Rau Ferreira




Natural de Pernambuco, Fernando Mota Peixe chegou em Esperança através de José Luiz do Nascimento, que na época era professor de educação física e, surgindo a necessidade de se criar uma banda marcial no antigo Ginásio Diocesano, e tendo ele ouvido falar que em Areia havia um instrutor, falou com Manuel Vieira, à época diretor daquele educandário, que chamou o Professor Peixe para dar aulas de músicas aos alunos diocesanos.
Por esse tempo foram introduzidos em Esperança, pelo professor Peixe, o Handebol, modalidade esportiva semelhante ao futebol, mas que jogada com as mãos, além do futebol de Salão, através de Zé Luiz, tudo isso por volta de 1963.
O professor Peixe era autodidata e possuía uma técnica inconfundível de ensinar bandas marciais. Na cidade de Areia, onde vivia desde os anos 40, atuava junto ao Campus da UPFB, onde foi instrutor das Bandas Marciais das escolas Min. José Américo de Almeida e Carlota Barreira, além de professor de Educação Física.
Era uma pessoa rígida, mas compreensiva. Não gostava de palhaçada, nem exageros. Nas bandas que regia não permitia liras, nem evoluções esquisitas.
Em nosso município, implantou praticamente todas as modalidades de Atletismo. Ao lado direito das dependências do Ginásio Diocesano, idealizou a primeira quadra de futebol de salão da cidade com a colaboração dos alunos, aproveitando o terreno da escola, de chão batido, para construir, num espaço de 40 x 20 metros, rigorosamente nivelado, o local para aquela prática desportiva. Naquele espaço foram realizados vários jogos e torneios de futsal.
No lado esquerdo daquele educandário, o professor Peixe idealizou a pista de atletismo, com caixa de areia para o salto em distância.
Além do antigo ginásio, o professor Peixe também atuou junto ao colégio estadual, onde participou ativamente da formação da banda marcial, e instruiu os seus músicos.
Ele também foi professor de Educação do Instituto Monteiro Lobato na década de 70. Este educandário foi fundado por Delfino e Vânia. Chegou a funcionar onde hoje é a Biblioteca “Silvino Olavo”.
Em Areia formou um grupo de escotismo, chegando a organizar também uma equipe em Esperança, composta por Humberto Ferreira, Jailton, Edna, Fábio, Zezinho e outros esperancenses.
As reuniões eram na Escola Dom Palmeira, onde o professor Peixe passava para os meninos toda a filosofia de ensino do escotismo. Os garotos se vestiam à caráter, com fardamento, botas e chapéu. Também praticavam caminhadas, faziam acampamentos nos engenhos em Areia e apresentações em outras cidades. A cada evolução do escoteiro era entregue uma medalha.
A professora Morena Cerqueira nos conta um fato interessante do professor Peixe. Ela estava a frente da Banda Marcial no início da década de 80, quando foram convocadas para participar do 7 de setembro no Município de Remígio. Pela manhã, um dos componentes furou a pele do fuzileiro, instrumento da primeira fila da Banda, e ainda faltava o desfile em Esperança, que aconteceria a tarde.
O problema é que havia uma única pele reserva e feita a troca, no momento do teste do instrumento, a pele se furou. Todos ficaram apavorados, alguns componentes já se encontravam em forma na frente da Praça da Cultura. Foi quando entrou o professor Peixe, que vendo aquela situação de angústia ficou emocionado, se abraçou com a turma e disse que logo iria arrumar aquele instrumento. Pegou uma pele velha que havia depósito, colocou no chão, fez um fogo ali mesmo e começou a esticar o couro como só ele sabia fazer, deixando o fuzileiro pronto para o desfile. Depois, abraçou-se novamente com os alunos, que correram para a formação iniciando aquele 7 de setembro, numa belíssima apresentação.
O professor Peixe incentivou Epitácio Gomes a seguir a carreira de professor de educação física, e foi modelo, por assim dizer, de muitos outros, a exemplo de Joacil. O próprio Epitácio prestou uma homenagem ao velho mestre em uma das aberturas dos jogos estudantis municipais, contudo ele não lembra o ano.
Na opinião do professor Valmir Fernandes, “Ele era um professor com uma visão além do tempo, ou melhor do momento, exigia quando sabia o potencial humano que tinha em mãos”.
O Secretário João Delfino, em depoimento para esse trabalho, disse que foi um privilégio de trabalhar com prof. Peixe, “Amigo, competente e apaixonado pelo esporte e atividades físicas, ensinava várias modalidades esportivas e era um excelente educador.”, acrescentando que “Esperança deve muito a este mestre” que “além do magistério, era um exímio fabricante de alambique e tachos em bronze para os engenhos em Areia”.
Em Areia, o saudoso professor Peixe residia em frente ao Banco do Brasil, e segundo consta, sua esposa e uma filha ainda residem em Cipilho. Aposentou-se compulsoriamente do Campus da UFPB em Areia, em 24 de outubro de 1995 (D.O.U., n. 204, Seção 2, p. 8.047/1995).
Quero agradecer as pessoas aqui citadas, que colaboraram de alguma forma para essa homenagem prestada, Morena Cerqueira, Valmir Fernandes, João de Araújo, Humberto Ferreira, João Delfino e Zé Luiz, que me ajudaram a reconstruir assim uma parte da história municipal, prestando essa justa homenagem.


Rau Ferreira

Créditos da imagem: 
http://professorcobrha.blogspot.com.br/p/historias-de-ontem.html

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