O carnaval de Esperança sempre foi comemorado com grande galhardia. O primeiro bloco foi fundado em 1927, por seu Tochico. Denominado de “Bom porque pode”, possuía 35 componentes, a maioria operários da indústria sapateira. A fantasia era confeccionada nas cores preto, amarelo, roxa, branco e verde. Dessa época, lembramos os seguintes componentes: Mafia, Bida, Zé Bilingue, Manoel de Gonçalo, Novo, Piaba, Arara, Basto Boleiro, Lita, Manoel Filipe e João Marcolino. A orquestra que animava os foliões era tocada por Bicina, Basto de Tino, Zé Boneco, Bibi e outros.
Em 1932, surgiu o “Coronel nas Ondas”, organizado pelo professor Luiz Gil de Figueiredo. Era o bloco de elite esperancense, do qual participavam figuras importantes como: Silvino Olavo, Hígidio Lima, Sandoval Santiago, Sebastião Luna, José Chocolate, Fausto Basto, Antônio Florentino, Theotônio Costa, Manuel Rodrigues e Teotônio Rocha.
Depois vieram o Bloco das Flores, os Pescadores e os Pioneiros do Samba.
Antigamente os bailes de carnavais se davam nos clubes e eram freqüentados por toda a sociedade. Nas ruas da cidade, na parte da manhã, uma orquestra tocava em frente à Decorama, onde tinha o famoso “mela-mela”, com pó e baldes de água. O “corredor da folia” era na rua Manuel Rodrigues, onde os Jeeps, que eram os carros de praça da época, eram ornamentados para desfilarem pelas ruas, lembrando que em alguns anos Pedoca instalou o serviço de som para anunciar as charangas que passavam pela rua principal.
No final da década de 70 apareceram as primeiras “Charangas”, que tiveram seu auge nos anos 80. Esperança chegou a contar com mais de 80 charangas, citemos algumas: OS BORÓS; SAMBALOGIA; SAMBA 8, INVASORES DO SAMBA; OS CAÇÚLAS, que depois passou a se chamar SAMBA LEGAL; COISA ACESA; e os grupos femininos AS INCRÉDULAS e MASSA REAL.
Os foliões trabalhavam o ano inteiro, fazendo festa, vendendo rifas, alguns compravam veículos em sucatas, para fazer a sua folia particular. Tinha ainda as escolas de samba, índios, “bumba-meu-boi”, urubu, o mata o véi, os bonecos de Ziu, o Pereira que abre o carnaval na madrugada do sábado, e as “ala ursas”. Por essa época, nas tardes de domingo, tinha o baile infantil no clube “CAOBE”, onde muitas charangas também se apresentavam. A noite as famílias pulavam o carnaval animado pela banda Marajoara de frevo, com Inaldete e Capilé. O engraçado desse tempo era o jeito de dançar, onde a menina segurava no braço do rapaz, e ambos ficavam dando voltas no clube, com o passinho um-dois.
Agora vamos citar algumas charangas e seus integrantes, em consulta que fizemos ao blog “Esperança de Ouro”, do amigo Jailson Andrade, desde já pedindo desculpa aos ouvintes se faltar algum nome, mas lembrando que as pessoas podem interagir conosco, mandando mensagens ou ligando para a rádio BanFM, de maneira que possamos enriquecer essa apresentação.
Pois bem. Comecemos pelos BORÓS, que foram pioneiros, com Arnaldo Bezerra, Edvaldo, Aildo Bezerra, Walter Carlos, Jose Naldo, Antonio Adalberto, Manuel Freire, Marconi Batista, Leomax Batista e João Raimundo. SAMBALOGIA: Arimatéa, Gilmar Roque, Cacá, Biscui, Dikel, Gualberto, Dedé, Minininho de Jaime, Beto de Cicinato, Zéu Tambor e Jorge de Pitiu. SAMBA 8: João e Gilmar , Dandão, Jose Galdino e Gil Mario. INVASORES DO SAMBA: Walter Cezar, Janilson Andrade e Arioston Fotógrafo. TAKA TOXAS: Dorginho, Marivaldo, Lito e seu irmão Carlinho. COISA ACESA - conhecido também como Regra 3: João Cosmos, Raimundo, Onassis, Jose Orlando e Rocha. SAMBA HITS: Joseilson Andrade, Jailson, Rau, Lulu, Gildo, Givanildo, Totinha, Carlos Pessoa, Bebeu e Inacinho. MASSA REAL: Tânia Gomes, Norma Pedro, Sonia Maria, Verônica Gomes e Judite Galdino.
Nos anos 90 foram criadas as “sedes” de carnaval, que eram casas alugadas, geralmente por um curto período, para servirem de ponto de encontro dos foliões. Muitas eram incrementadas com som, luminárias e pinturas próprias, exaltando as cores do grupo.
Não esquecendo da Escola de Samba “Última Hora”, que nasceu na véspera do carnaval de 1967, e no ano de 1973, com mais de 30 componentes, ganhou o primeiro lugar no desfile em Campina Grande, e em 1985, foi destaque na Paraíba, concorrendo com outras agremiações. Fizeram parte desta Escola: Maré, Manuel Freire, Chiclete, Jaime Pedão, Djalma de Máfia, Marconi e outros.
O carnaval era tão animado em Esperança que só terminava na quarta-feira de cinzas, com o boneco de Lelo.
Agora mais recente, vieram o bloco das Lias, bloco da Saudade e também se realizou o carnaval fora de época, até mesmos os evangélicos e grupos católicos chegaram a desfilar em praça pública com músicas de louvor; todos esses eventos com grande participação popular, pois na folia não existem autoridades, juízes ou doutores. Todos brincam ao som do frevo e se divertem sem qualquer distinção de classes. Talvez isso explique o sucesso da festa que antecede a quaresma, a qual também é muito festejada em nossa cidade.
Rau Ferreira
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