domingo, 26 de abril de 2015

Paraibanos são vice-campeões mundiais de robótica, mas esbarram na falta de apoio


Um professor e dois alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB) de Cajazeiras, Sertão paraibano, a 485 km de João Pessoa, foram vice-campeões mundiais na competição internacional de robôs controlados via internet, a Mercury Remote RobotChallenge, realizada e promovida no dia 18 deste mês, pela Universidade do Estado de Oklahoma, nos Estados Unidos.


O trio paraibano desbancou outras 26 equipes, vindas de países como o México, Colômbia e de países asiáticos, além de vários times dos Estados Unidos e outras equipes brasileiras e conquistaram o vice-campeonato.

Para participar da competição internacional, os cajazeirenses disputaram uma seletiva estadual contra alunos e professores de outros campus do IFPB e ficaram entre os dois melhores colocados, garantindo a participação e o custeio das passagens que foram pagas pela instituição de ensino. Duas equipes da Capital também participaram da competição nos EUA.

O robô, projetado e construído pelo professor Raphaell Maciel e os alunos Kleysson Cavalcante e Natanael Queiroz, foi feito a partir de peças e um chip.

“O processo foi todo realizado nos laboratórios do IFPB. Fomos projetando, construindo e testando o robô. Além do motor e de outras peças, o robô possui um micro controlador, que funciona como um sistema embarcado, que é um chip que possibilita que a gente programe e insira um código para que ele faça o que a gente determina”, afirmou o professor.

Durante a competição, o robô, controlado pela internet, teria que estar a cerca de 80 km de distância do piloto. A equipe optou por colocar um celular acoplado ao robô e desenvolveu um aplicativo para que, à distância, o piloto pudesse controlá-lo.

A competição foi disputada em duas etapas. De acordo com o professor, a primeira etapa, que foi eliminatória, serviu para que as equipes demonstrassem a conectividade do robô com a internet e, posteriormente, a máquina seria desligada da rede, tendo que se reconectar por conta própria. 

Classificadas, as equipes teriam que percorrer um circuito e realizar tarefas no menor espaço de tempo possível.

“Na segunda etapa, o robô tinha que percorrer um circuito e realizar tarefas, como passar por um túnel escuro, passar por uma ponte e simular o resgate de uma vítima, através de uma bolinha que ele tinha que ser pega e depositada em um cilindro do outro lado do circuito. Cada tarefa recebia uma pontuação. Concluímos com o tempo de cerca de nove minutos e só perdemos para os asiáticos, que ficaram com um tempo próximo dos sete minutos”, disse o professor.

Ainda segundo o professor, o trio paraibano foi para a competição com a pretensão de fazer um bom trabalho, mas ficaram felizes com o vice-campeonato mundial.

“Fomos sem pretensão de ganhar, mas queríamos ter um bom desempenho. Tínhamos o objetivo de ver como era a competição e conhecer novas tecnologias. A nossa colocação nos deixou felizes. Ficamos satisfeitos com o resultado, que é fruto de um trabalho que começou há um tempo, desde a minha graduação e com os estudos dos meus alunos”, contou Raphaell Maciel.

Natanael Queiroz, aluno integrante da equipe, contou que mesmo estando relativamente no início do curso, já conquistou um importante título.

“Foi uma emoção muito grande. Eu comecei no terceiro período agora e já ter um destaque em uma competição internacional é muito bom. Pretendo continuar para conseguir outros objetivos e mais conquistas para a Paraíba”, disse Natanael.

Conquista mundial esbarra na falta de apoio

Embora tenham conquistado o vice-campeonato mundial em uma área concorrida como a robótica, os paraibanos sofrem com a falta de apoio por parte das autoridades e da comunidade em geral.

“Temos capacidade de ter um bom desempenho em competições mundiais, mas desde que sejam ofertadas as condições. Infelizmente não tivemos investimento de outras pessoas ou empresários no nosso projeto. A realidade que vimos é que os outros participantes têm investimento da comunidade, diferente do que vemos no Brasil, que dificulta e nos limita muito com a questão da verba para pesquisa e desenvolvimento”, concluiu o professor Raphaell.

Kleysson Cavalcante, aluno integrante da equipe, disse que se sente feliz com a conquista, mas cobrou apoio da comunidade.

“A gente se sente com o objetivo alcançado e com o nosso esforço tendo valido a pena. O segundo lugar para gente é como se fôssemos campeões. Mas, espero que o pessoal veja que temos capacidade e apoie mais. Lá, nós vimos que as equipes locais e de outros países são acompanhadas pelos institutos e pela comunidade. Um título para eles é como se fosse um título para a comunidade local, diferente do que vemos aqui”, contou Kleysson.




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